Construção. Há mais acidentes antes das férias?
Construção. Há mais acidentes antes das férias?
Burburinho frequente. Antes das férias, há pressão para terminar a obra e há também operários a fazer horas suplementares, o que aumenta o cansaço dos trabalhadores. É o que, volta e meia, lemos em comentários de internautas a notícias sobre acidentes em estaleiros nesta fase do ano ou o que nos dizem, em off, pessoas que conhecem bem o setor.
Mas haverá mesmo mais acidentes de trabalho no setor da construção nas semanas que antecedem os períodos de férias coletivas? Segundo a Associação de Seguro Acidente (AAA, na sigla em francês), a resposta é ‘não’.
Num e-mail enviado à Rádio Latina, o organismo indica que “as estatísticas da AAA não revelam um aumento significativo dos acidentes de trabalho no setor da construção nas semanas que antecedem as férias coletivas. O número de acidentes neste setor permanece relativamente constante ao longo do ano”. “No entanto, os meses de dezembro, janeiro e agosto registam, por norma, uma diminuição do número de acidentes, algo atribuído aos períodos de férias e às interrupções de trabalho causadas pelas condições meteorológicas desfavoráveis”, acrescenta.
Questionada sobre se os acidentes nesta fase do ano poderão estar relacionados com a pressão do tempo para terminar as obras, a AAA diz não poder pronunciar-se sobre as causas potenciais dos acidentes. A Rádio Latina contactou também a Inspeção do Trabalho e das Minas (ITM) e os sindicatos OGBL e LCGB, mas todos disseram a mesma coisa: não dispõem desses dados e remetem para a AAA. Do lado dos patrões, contactámos também a Federação dos Artesãos, organização que representa os empresários do setor, mas não obtivemos resposta.
A Associação de Seguro Acidente é a entidade pública responsável pela prevenção e indemnização dos acidentes de trabalho, de trajeto e das doenças profissionais. É a ela que cabe a publicação anual do balanço dos acidentes de trabalho no país. A edição referente a 2023 só será divulgada em setembro e, olhando para os gráficos do relatório de 2022, não encontrámos referência aos meses do ano em que os acidentes aconteceram. Há dados sobre os setores e locais dos acidentes, sobre a idade das vítimas, sobre a natureza das lesões, mas não sobre os meses do ano em que ocorreram. A Rádio Latina pediu esses dados à AAA, mas, segundo o que nos disseram, são informações que não podem ser “fornecidas diretamente” e, em período de férias, a sua recolha poderá demorar. Razão pela qual voltámos a ter dúvidas, voltámos a pedir mais informações e continuaremos a aguardar.
Note-se que, em 2022, 11 pessoas morreram na sequência de um acidente de trabalho: nove no local de trabalho e duas no trajeto. No total, houve, naquele ano, 17.163 acidentes. O relatório indica também que a maior fatia — 26,81% — aconteceu em estaleiros.
Diana Alves
