Porque é que há um excedente de vacinas que acaba no lixo?
Porque é que há um excedente de vacinas que acaba no lixo?
São várias as razões que explicam o porquê de os países se verem obrigados a destruir milhares de doses da vacina anticovid-19. A principal prende-se com o prazo de validade. E o porquê de milhares de vacinas acabarem inutilizadas e no lixo – por cá isso já aconteceu a mais de um milhão de doses – remonta aos primórdios do contrato de compra, negociado pela Comissão Europeia.
Valérie Binder, responsável do serviço ‘Risco de Saúde e Programa de Vacinação’ do Ministério da Saúde, explicou à Rádio Latina que parte do negócio de compra aconteceu no início da pandemia, quando ainda não se sabia qual a vacina mais eficaz ou quais os efeitos secundários. Por uma questão de prevenção, isso levou os países a adquirem grandes quantidades de vários tipos de vacina.
Outra razão que justifica a compra de novas vacinas, mesmo sem escoar o stock existente, prende-se com a “evolução dos conhecimentos e das variantes” da 'covid', diz a responsável.
Prazo atual é de 24 meses
Atualmente, o Luxemburgo usa vacinas com um prazo de validade de 24 meses. No início da vacinação, o prazo rondava os seis meses, em alguns casos. Valérie Binder explica o porquê desse curto prazo.
Ainda sobre os contratos, a responsável salienta que estes não vão ser alterados.
Porque é que é difícil doar vacinas?
Uma das opções para evitar o desperdício é a doação. Mas isso não depende apenas da boa vontade dos países.
A estas razões vêm ainda juntar-se dificuldades logísticas, já que algumas vacinas têm de ser armazenadas a -80 graus e nem todos os países dispõem dos equipamentos necessários.
O Luxemburgo já destruiu 1,1 milhões de vacinas contra a covid-19. É o equivalente a 23,5 milhões de euros – dinheiro do contribuinte.
Artigo: Henrique de Burgo | Foto: Shutterstock